sábado, 4 de abril de 2009

Bullying

Bullying

Gabriela: Bem, hoje no quadro de comportamento, nós vamos estudar sobre o Bullying, um tema que está gerando preocupações cada vez maiores em educadores do mundo todo, e foi sugerido por uma ouvinte do programa que diz estar enfrentando esse tipo de problema em casa. Vamos então começar perguntando:
Ronaldo, o que é Bullying?

Ronaldo : O termo Bullying, não tem uma tradução perfeita na língua portuguesa e ocorre basicamente nas escolas. É um conjunto de atitudes agressivas e repetidas, adotadas por um ou mais estudantes contra outros, ou contra um deles. O objetivo é causar humilhação e sofrimento. O Bullying se manifesta de muitas formas, como, colocar apelidos, ofender, zoar, humilhar, excluir, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, aterrorizar, agredir, bater, induzir a usar drogas, roubar, quebrar pertences, etc.

Gabriela: Dentre essas formas da prática do Bullying, quais as mais freqüentes?

Ronaldo: Têm sido destacadas como as mais comuns, a identificação por apelidos maldosos e com propósitos de humilhação, difamação, roubo e destruição de pertences (39%), indução ao uso de drogas (30%) e violência (25%).

Gabriela: E que tipo de criança ou de jovem é mais vulnerável ao Bullying?

Ronaldo: A vítima costuma ser uma pessoa mais frágil, com algum traço ligeiramente destoante dos modelos admitidos pelo grupo. Um traço que pode ser: 1) físico: uso de óculos, obesidade, não ser tão bonitinho, ter uma orelha pontuda 2) emocional, como é o caso da timidez, do retraimento
3) social: a situação econômica dos pais, a casa onde mora, etc.
Normalmente são pessoas que não dispõe de habilidades físicas e emocionais para reagir ou procurar ajuda. Há relatos de crianças que ficaram com depressão profunda por causa disso e até de suicídio.

Gabriela: Suicídio?

Ronaldo: Infelizmente, sim, há vários casos relatados.

Gabriela: E qual seria o tipo dos agressores no caso?

Ronaldo: Os agressores no Bullying, são comumente pessoas arrogantes, de condutas inconvenientes e invasivas, ou seja, que não respeitam muito o espaço do outro. Há uma forte relação entre esse comportamento e fatores como famílias pouco estruturadas, e de pobre relacionamento afetivo. São em geral crianças ou jovens pouco supervisionados pelos pais, e submetidos a um modelo de solução de problemas baseado em comportamentos agressivo ou explosivos. Há também uma relação entre esse tipo de educação e comportamentos Anti-sociais e delinqüência na idade adulta.

Gabriela: Ronaldo, o Bullying é um comportamento restrito a uma classe, ou a determinadas culturas?

Ronaldo: O Bullying é um problema mundial e pertinente a todas as classes sociais. É sobretudo um problema do ser humano imaturo e sem limites. É o que a gente precisa frisar bem. Quanto mais imaturidade mais agressividade. É um fenômeno encontrado em toda e qualquer escola, não estando restrito a nenhum tipo específico de instituição: primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana, em qualquer país.

Gabriela: E quem pratica mais esse tipo de agressão: meninos ou meninas?

Ronaldo: Os meninos estão envolvidos no Bullying com uma freqüência muito maior, tanto como autores quanto como alvos. Já entre as meninas, embora com menor freqüência, o Bullying também ocorre bastante e se caracteriza, principalmente, como prática de exclusão ou difamação.

Gabriela: Ronaldo, dá para falar um pouco mais sobre o caso das meninas?

Ronaldo: Claro. As meninas costumam agir assim: espalham mentiras sobre a vítima para envergonha-la, criticam seu corpo, o cabelo, o cheiro, e a excluem do grupo como se ela não existisse, passam literalmente a ignora-la, fazendo com que a jovem se sinta completamente rejeitada e nula. Isso leva rapidamente a depressão quando a personalidade não é bem formada
.

Gabriela: Existem estatísticas sobre freqüência na ocorrência do Bullying?

Ronaldo: Eu conheço uma estatística feita em Portugal, onde um em cada cinco alunos (22%), de 6 a 16 anos, já foi vítima de Bullying na escola, sendo o local mais comum de ocorrência de maus-tratos os pátios de recreio (78% dos casos) e os corredores (31,5% dos casos). Na Espanha a incidência do Bullying se situa em torno de 15% a 20% nas pessoas em idade escolar, quase o mesmo observado em Portugal e em outros países da Comunidade Européia. No Brasil com certeza não será menor.

Gabriela: Quais seriam as conseqüências de uma criança estar exposta ao Bullying por muito tempo?

Ronaldo: Muitas crianças, vítimas de Bullying, desenvolvem medo, pânico, depressão, distúrbios psicossomáticos e geralmente evitam retornar à escola. Dependendo das características de personalidade, essas crianças poderão não superar totalmente os traumas sofridos na escola. Elas poderão crescer com sentimentos negativos, desenvolver uma auto-estima cada vez mais baixa, apresentando sérios problemas de relacionamento no futuro.

Gabriela: E o que é que os pais podem fazer para evitar que isso aconteça?

Ronaldo: Em primeiro lugar criar um ambiente familiar saudável, com afeto e diálogo, onde a auto-estima das crianças possa se desenvolver naturalmente. Pessoas com auto-estima mais forte são menos vulneráveis ao Bulling. Depois, estarem atentos. A Fobia Escolar, por exemplo, pode ser um sinal claro de que a criança esteja passando por alguma situação de constrangimento ou sendo agredida na escola. Passar mal na hora de sair, vomitar, começar a falar da escola como uma coisa ruim, pode ser uma camuflagem para essa situação. O ideal é aproximar-se mais da criança, evitar brigas e não forçar a ida à escola sem investigar as causas. Se preciso, recorrer a diretoria da escola ou a qualquer outra instância educacional para impedir a evolução do processo. O importante é saber que os pais, são os primeiros defensores dos filhos e precisam estar atentos ao problema.
Entrevista
Entrevista realizada no estúdio da Rádio Geração 2000, Teresópolis - Rj, programa "Show de Domingo", abril de 2009.

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