sábado, 2 de maio de 2009

Prazer químico 2


Prazer ou felicidade?


Indivíduos que fazem uso compulsivo de drogas sintéticas ou de álcool, são certamente prisioneiros de alguma espécie de tortura mental. Na química, eles procuram anestesia para esse desconforto, mas o alívio será apenas momentâneo. Tão logo cesse o efeito, a tortura estará de volta exigindo novas doses de anestesia. Esse clima mental compõe-se em geral de muitos motivos diferentes, podendo ser uma associação de ressentimentos, sentimentos de inferioridade e insegurança, ou questões de ordem sexual. São os conteúdos psicológicos dolorosos que compõe esse quadro, que empurram o indivíduo na busca por drogas. Outro aspecto a ser avaliado é a busca pelo prazer. Muitos usuários ainda nas fazes intermediária da dependência, tentam encontrar motivos no princípio do prazer para justificar e defender o consumo. Alegam que o prazer que a droga traz é muito grande, e que a vida só tem sentido diante da possibilidade de ser prazerosa. Tivemos oportunidade de ouvir de um dependente, que o prazer é uma busca, e que quanto maior for o prazer mais bem sucedida será essa busca. É claro que não se pode negar que o prazer é o princípio no qual se baseia a droga, pois ninguém procura drogas para se sentir mal. Mas o prazer que ela confere é artificial e perigoso. Isto quer dizer que ele entra e sai na mente do indivíduo sem contribuir para o aperfeiçoamento das emoções, ou ainda, sem incentivar a reversão dos quadros de desajuste que levam a infelicidade. Ao contrário, a opção pelo prazer artificial faz com que a responsabilidade que qualquer pessoa normal tem que assumir em relação aos seus próprios problemas, seja aos poucos abandonada. Nesse sentido, o prazer que a droga traz é a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa quando há infelicidade ou depressão. Diante da possibilidade do prazer químico, a passividade diante da vida vai se acentuar até a entrega total. A dominação química, então, torna a pessoa cada vez mais incapacitada para conduzir-se de forma racional, colocando-a num mundo fechado que aos poucos a desconecta da sociedade em que vive. Por esse motivo, a pessoa que se sente infeliz deve afastar-se de álcool e drogas. A uma grande diferença entre felicidade e prazer. A felicidade, sempre será geradora de prazer, porque sua característica é a motivação, o entusiasmo, a alegria, qualidades que em si mesmas já contituem formas de prazer. Mas o prazer isolado, que age na irrealidade, fora do contexto natural, acarreta ainda o perigo de agravar os sintomas negativos já existentes. Conclui-se, então, que prazer e felicidade são coisas bastante diferentes, e que escolher o prazer como solução, e abandonar a felicidade - que depende de crescimento pessoal - é uma espécie de suicídio. Enquanto o prazer químico atua, o vazio psicológico aumenta, e o final desse processo será a inevitável anulação do senso moral, o desaparecimento dos sonhos concretos, da vontade, da capacidade produtiva, das esperanças, dos objetivos, e a supressão da afetividade. A opção pelo prazer químico deve ser sériamente avaliada por esses aspectos negativos, uma vez que não há como escapar deles tornando-se um usuário. Caso não seja possível controlar o impulso para se drogar, é preciso procurar ajuda, e quanto mais cedo melhor. Em estágios avançados, essa ajuda se torna muito mais difícil.

Um comentário:

  1. Caro amigo e jornalista Ronaldo Miguez,
    gostei muito dessa sua postagem...realmente fica complicado ajudar essas pessoas pq elas vivem totalmente fora da realidade acreditam em coisas inacreditáveis...conheço pessoas integras e inteligentes que com o uso da droga mudaram totalmente de comportamento estilo de vida etc...na minha opinião são pessoas inseguras e infelizes. parabéns pelo blog está um espetáculo!!!

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