terça-feira, 14 de abril de 2009

Educação religiosa nas escolas

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Voce é a favor da Educação Religiosa nas escolas?

Antes de responder, leia algumas respostas que foram dadas por educadores da área pública e que recolhemos na Net. Nossa análise virá logo a seguir.

a) Não, e se a escola tiver, tem que ser opcional.

b) Sinceramente... Eu estou mais preocupado que a escola ofereça ensino de qualidade. Acho que religião é tarefa dos pais que podem ensinar aos filhos o que quiser. Acho que a escola deveria ensinar Ética, que é o que mais falta no Brasil.

c) Sou contra a escola ensinar religião. Isto é tarefa para os pais.

d) Sou a favor desde que ensinem todas as religiões. Num país laico, ninguém é obrigado a engolir a verdade dos outros.

e) Com centenas de religiões existentes no mundo, haverá tempo para se estudar matemática?

f) Se o objetivo for conscientizar as pessoas sobre a existência de Deus e os valores da alma, sim. Mas há uma tendência a se fazer propaganda religiosa.


g) Sim. Sou aluna do curso de Pedagogia especializada no ensino religioso, e sou a favor de um ensino religioso com ética, sem proselitismo.

h) O Ensino Religioso deve estar inserido no mapa curricular, sim. Entretanto deve-se ter o cuidado para não haver distinção de clero religioso mas, sim,cuidar da espiritualidade do homem.

i) Na minha opinião as aulas de Ensino Religioso são importantes. Mas devem ser ministradas por professores (as), qualificados para isso. O que vemos hoje, na maioria das escolas, são professores de outras áreas completando a carga horária nesta disciplina. Isto está acontecendo comigo, e mesmo não gostando da disciplina e com dificuldades, tenho que me submeter.


j) Sou professora de Educação Religiosa, acredito que não deve haver aula de religião, embora tenha feito pós-graduação em Ciências da Religião, ter conhecido na Europa e na Índia algumas igrejas e templos. Foi muito bom para minha vida, melhorei muito como pessoa. Quanto às aulas, eu ministro resgate de Valores Humanos, como Trabalho, Verdade, Ação Correta, Paz, Amor e Não Violência, dentro de vários temas. Acredito que devemos falar a linguagem dos jovens e sermos exemplos.

k) O ensino religioso deve ser oferecido nas escolas, sim, mas sob a forma de um conhecimento e não uma confissão de fé.

l) Não só o ER. A responsabilidade de trabalhar os valores humanos e a ética, deveriam estar permeando todas as disciplinas. Concorda?

m) A educação no Brasil, por sua influência marcadamente positivista, teme o metafísico.
No ER, está presente esta imagem, de que as as aulas de ER servem para uma visão panorâmica sobre o fenômeno religioso no mundo e suas diversas manifestações. Mas reduzir o ER à aula de história das religiões é considerá-lo desnecessário no currículo escolar. Concorda?
Por diversos motivos, a religião foi usada como fator moralizante e como um freio à liberdade humana. A religião deve ser encarada como um freio ou como um convite a um relacionamento com Deus? Devemos ver Deus como um ser que castiga ou que fecunda a vida?


n) O ensino religioso moralizador, não pode se tornar chato para os jovens? Não seria melhor que funcionasse como um questionamento sobre o papel do homem no universo, algo que levasse o jovem a refletir mais sobre as suas relações com o mundo? Nós estamos falando de uma escola pública, onde há heterogeneidade de heranças culturais.

o) Em alguns momentos também, profissionais do ER eram convencidos de que sua prática era uma missão e não um trabalho que devesse ser remunerado. Neste sentido, fica mais uma vez o ER reduzido, sendo menos do que é.

p) Parece que paira sobre a discussão em torno do ER confessional um espírito bélico que é extremamente preocupante. Os interesses político-ideológicos não podem estar acima da real função do ER, sob o risco de causar mais mal que bem.

q) O ensino religioso nas escolas não poderia ser atividade que estimulasse um encontro com a idéia de Deus, com as raízes humanas transcendentes, ao invés de um conjunto de regras ou formas de doutrinas? O Ensino Religioso deve oportunizar a possibilidade deste Encontro, promovendo a reflexão sobre o que seja essencial nesta relação: a abertura ao diálogo, a consciência da alteridade e a responsabilidade do viver.

r) O Ensino Religioso, enquanto processo educativo, deve agregar valores. Do contrário estará assumindo um papel de freio. O professor de ER deve ser um Mestre em humanidade. O fundamento da fraternidade é a paternidade divina.


Valores universais
Valores universais

As respostas acima, provenientes de professores que se preocupam com o ER, nos levam a algumas conclusões. A primeira, é a preocupação presente na maioria das respostas com o aspecto confessional ou catequista, que domina as intenções dos religiosos mais radicais. Essa visão acirra rivalidades e os impede de aceitar sistemas que representem risco para suas ambições de conversão. Também se sentem desconfortávis com a proximidade de outros credos, temendo que ela possibilite mudanças nas idéias religiosas de seus fiéis. Essa visão é incompatível com qualquer modelo de ER, e desmonta todas as tentativas de se chegar a um acordo que satisfaça a todos os interesses. As religiões Afro-brasileiras, por exemplo, se sentem bastante prejudicadas. Os Espíritas e Orientalistas também. Nas respostas que recolhemos, pode-se constatar que a grande maioria dos que se pronunciaram, teme exatamente a mesma coisa: que a escola seja usada como se fosse uma igreja, ao invés de um espaço democrático em que valores fundamentais e universais do ser humano, venham a ser cultivados e disseminados. É preciso considerar, inclusive, a presença de alunos cujos pais não admitam religião alguma, ou até que sejam ateus, mas que de forma alguma se oporiam a um currículo baseado nos fundamentos da conduta humana e suas consequencias, em reflexões sobre a relações sociais de uma forma geral, ou questionamentos existenciais e metafísicos que não envolvessem verdades "prontas", ensejando e desenvolvendo nos alunos o livre exercício do pensamento. A escola, à nosso ver, não deveria ensinar religião, mas ética e desenvolvimento humano, disciplinas compostas de valores universais, bons para a humanidade como um todo e não para grupos específicos, e trabalhar mais os alunos sob o ponto de vista da razão crítica. Não há como se ensinar religião nas escolas, de uma forma tradicional, sem aumentar ainda mais o divisionismo, mediante sentimentos de superioridade ou de inferioridade que apareceriam fatalmente durante a formações dos grupos dessa ou daquela religião. Os grupos majoritários, tenderiam a exercer pressões sociais ou excluir os demais, e aqueles que estiveseem em minoria, que poderiam ser até dois ou três dentro de uma sala, sentir-se-iam fora do bolo, o que atenta contra a necessidade de convivencia e integração que precisa ser incentivada nessa delicada fase do desenvolvimento infantil. Basta pensar que, a acentuação de crenças como perdição e salvação, poderia gerar, mesmo na cidade, o que ocorreu em sociedades indígenas depois da chegada dos missionários cristãos, que os fizeram afastar-se uns dos outros criando blocos de salvos e perdidos, dividindo, inclusive, muitas famílias. Por isso, a escola laica deve adotar uma visão imparcial com elação ao desenvolvimento humano, e trabalhar para formar consciências sensíveis, cidadãos responsáveis e solidários, ao invés de se preocupar com visões subjetivas que acabariam sempre atendendo à interesses de grupos dominantes ou dando origem a quadros de conflito ainda maiores do que aqueles que já enfrentamos.

Ao adotarmos o título "Valores Universais" para este estudo, não foi outra a nossa intenção do que separar o papel da escola do papel da família, onde cabem, ai sim, todas as nuaces de subjetividade inerentes às filosofias religiosas. Aí, nos restará a concentração em temas como desenvolvimento humamo, ação solidária, políticas para a paz, respeito à liberdade de pensamento inclusive de religião, valorização da cultura, combate aos preconceitos e civismo. Como ficou muito bem definido em uma das respostas acima, um professor para ensinar essas coisas numa escola, e ser convincente em suas palavras, precisará antes alcançar uma graduação especial: a de "Mestre em Humanidades".

Um comentário:

  1. Acho que educação sexual seria mais interessante para essa geração...palestras de doenças sexualmente transmissiveis, formas de contaminação etc...levando em conta a febre de religiões que estamos vendo nos ultimos anos...isso deixa a criança e o adolescente ainda mais confuso, até pq religião não define carater nem salva ninguem.

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