segunda-feira, 13 de abril de 2009

Quando amar é sofrer
Entrevista
No bloco de comportamento de hoje, nós vamos conversar mais uma vez com Ronaldo Miguez . E o tema é:
Quando amar é sofrer...

Úrsula: Ronaldo, quais são as dicas para hoje sobre esse assunto. Para amar de verdade é preciso mesmo sofrer?

Ronaldo: Não Úrsula. O sofrimento eventual pode acontecer, é natural, mas permanente não. Não é saudável o amor quando se sofre demais por causa dele. Deve-se procurar as causas.

Úrsula: E o que é que leva a esse tipo de relacionamento?

Ronaldo: Muitas pessoas vivem um amor desequilibrado, excessivo, e isso é sinal de desajuste, embora essas pessoas procurem se justificar dizendo que amam de verdade, ou amam demais. Na verdade, esse “amor demais” pode esconder outros sentimentos ou carências que estão sendo transferidos em excesso para a relação. A princípio, ninguém deveria se entregar completamente ao se apaixonar. Algumas pessoas abandonam a vida pessoal por causa da paixão. É sempre saudável a prática de resguardar um espaço para o cultivo do eu, para o prazer de ser quem se é. Quando uma pessoa transfere todas as suas expectativas de felicidade para a vida do outro, ou passa a esperar dele que a faça feliz, o caminho esta aberto para a frustração, porque ninguém tem poder para fazer alguém feliz se essa pessoa não for capaz de ser também feliz por si mesma. Ao mesmo tempo alguém que acredite que só poderá ser feliz ao lado de uma determinada pessoa, não poderá ser considerado um bom parceiro, ou uma boa companhia, porque isso significa que ele usa o parceiro como um mata-borrão, ou seja, transfere para ele sua insuficiência emocional e, é claro, isso vai sobrecarrega-lo, matando aos poucos a relação. Quando uma pessoa com esse perfil psicológico entra num relacionamento, ela sufoca o parceiro com exigências.

Úrsula: E o que leva uma pessoa a ser assim?

Ronaldo: Os motivos devem ser pesquisados porque os casos não são iguais, mas uma situação bastante comum é a associação entre baixa auto-estima, ansiedade e depressão. A pessoa precisa do outro para dar preenchimento ao seu vazio, a sua falta de perspectiva, porque se sente mal consigo mesma e com a própria vida, e a presença do outro é uma compensação. Isso leva a tentativa de controlar o parceiro 24 horas por dia, e gera uma dependência que acaba sendo uma obsessão.


Úrsula: E aí, como você falou, a relação não resistirá?

Ronaldo: Claro, o caminho é esse.

Úrsula: E quais são os sinais de que se está vivendo um relacionamento patológico como esse, para que nossos ouvintes possam fazer uma avaliação em suas vidas.

Ronaldo: Bom úrsula, aqui vão algumas dicas. Quando é que se sabe que se esta vivendo um relacionamento patológico.
1) O indivíduo se preocupa excessivamente com o outro. Deixa de fazer o que gosta, está sempre disponível, e espera ansiosamente que o outro apareça.
2) Abandono da família, e de interesses e atividades que antes eram bastante valorizadas.
3) Sinais de desespero diante de qualquer modificação, por mínima que seja, nos horários ou no comportamento do outro. A pessoa julga-se imediatamente traída.

Quando alguém se reconhece nessa situação, o caminho é procurar ajuda. A pessoa que se entregou demais a um relacionamento, e abandonou a própria vida por causa dele, precisa realizar uma operação de resgate da auto-estima, voltar a si mesmo de alguma forma, para poder parar de sofrer. É preciso procurar procurar ajuda.
Entrevista
Entrevista realizada no estúdio da Rádio Geração 2000 em Teresópolis, RJ, durante o programa "Show de Domingo".

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